Para o professor Carlos Augusto Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública da USP, os números da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) sobre o padrão de consumo alimentar brasileiro indicam uma realidade preocupante. A tendência a lanches e refeições rápidas, em detrimento das refeições completas, deve contribuir para o aumento da obesidade no Brasil, que hoje atinge 14% da população adulta, segundo dados do Vigitel, sistema de vigilância de doenças crônicas desenvolvido pela USP e implementado pelo Ministério de Saúde.A notícia é do jornal O Globo, 24-06-2010.
Em 2006, o índice era de 11,4%. Nesse ritmo, alerta Monteiro, em 20 anos o Brasil terá 30% de obesos, atual percentual dos EUA. O alerta se baseia em duas constatações.
A primeira é que comida pronta costuma ser mais calórica que a feita em casa. Em segundo lugar, diz, refeições rápidas nos fazem perder o controle sobre o que comemos:
— É preciso prestar atenção no que se come, ingerir o que vamos gastar depois. Se não, a equação não fecha — diz Monteiro, um dos responsáveis pela análise nutricional de dados da POF.
Na avaliação de Monteiro, o governo deveria adotar políticas públicas com foco em três pontos: apoio à produção de alimentos saudáveis; elevação de impostos dos produtos de baixo teor nutritivo, como refrigerantes; e regulação da propaganda.
— Um fator determinante na compra de alimentos é o preço. A saúde não entra na definição das alíquotas dos tributos. Quando isso acontecer, teremos um estímulo à alimentação saudável.
